A Redenção de Cam é uma pintura a óleo sobre tela realizada pelo pintor espanhol Modesto Brocos em 1895. A obra aborda de forma crítica as teorias raciais do fim do século XIX e o fenômeno da busca do "embranqueci mento" gradual das gerações de uma mesma família por meio da miscigenação.
O
título é uma referência ao episódio bíblico da maldição lançada por Noé sobre seu filho, Cam,
e todos os seus descendentes, conforme relatado no livro do Gênesis. Punindo Cam por zombar
de sua nudez e embriaguez, Noé profetizou que o mesmo seria "o último dos
escravos de seus irmãos". Conforme relatado por Alfredo Bosi, a crença popular de que
os descendentes de Cam seriam os povos de pele escura de algumas regiões da África, além das tribos que
habitavam a Palestina antes dos hebreus, serviu
por muito como argumento de ideólogos e mercadores para validar, durante o período colonial e ao longo do império, o
tráfico de escravos africanos para o Brasil. O pecado de Cam seria, assim, o evento fundador de uma
situação imutável e a justa punição divina de todo um povo.
Na
obra de Modesto Brocos, em frente a uma pobre habitação, três gerações de uma
mesma família são retratadas. A avó, negra, a mãe, mulata, e a criança,
fenotipicamente branca. A matriarca, com semblante emocionado, ergue as mãos
aos céus, em gesto de agradecimento pela "redenção": o nascimento do
neto branco, que será poupado das agruras e das memórias do passado
escravocrata. A cena foi assim definida por Olavo Bilac: "Vede a
aurora-criança, como sorri e fulgura, no colo da mulata - aurora filha do
dilúvio, neta da noite. Cam está redimido! Está gorada a praga de Noé!".
odeio fazer trabalho de escola
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