A visão de Nina Rodrigues: o negro como marginal
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A cara metade do brasil |
Nina Rodrigues foi um dos introdutores da antropologia criminal, da antropometria e da frenologia no país. Em
1899 publicou "Mestiçagem, Degenerescência e Crime", procurando provar suas teses sobre a degenerescência e
tendências ao crime dos negros e mestiços. Os demais
títulos publicados também não deixam dúvidas sobre seus objetivos:
"Antropologia patológica: os mestiços", "Degenerescência física
e mental entre os mestiços nas terras quentes". Para ele o negro e os
mestiços se constituíam na causa da inferioridade do Brasil.
Na sua grande obra, Os
Africanos no Brasil, escreveu: "Para dar-lhe (a
escravidão) esta feição impressionante foi necessário ou conveniente emprestar
ao negro a organização psíquica dos povos brancos mais cultos (…) O sentimento
nobilíssimo de simpatia e piedade, ampliado nas proporções duma avalanche
enorme na sugestão coletiva de todo um povo, ao negro havia conferido (…)
qualidades, sentimentos, dotes morais ou idéias que ele não tinha e que não
podia ter; e naquela emergência não havia que apelar de tal sentença, pois a
exaltação sentimental não dava tempo nem calma para reflexões e
raciocínios".
Segundo o referido cientista a inferioridade do negro – e das raças
não-brancas – seria "um fenômeno de ordem perfeitamente natural, produto
da marcha desigual do desenvolvimento filogenético da humanidade nas suas
diversas divisões e seções". No Brasil os arianos deveriam cumprir a
missão de não permitir que as massas de negros e mestiços possam interferir nos
destinos do país. "A civilização ariana está representada no Brasil por
uma fraca minoria da raça branca a quem ficou o encargo de defende-la (…) (dos)
atos anti-sociais das raças inferiores, sejam estes verdadeiros crimes no
conceito dessas raças, sejam, ao contrário, manifestações do conflito, da luta
pela existência entre a civilização superior da raça branca e os esboços de
civilização das raças conquistadas ou submetidas".